Sucessão, processo permanente
Magda Geyer Ehlers*
O tema Empresa Familiar tem sido motivo para debates, seminários, cursos e intervenções dos mais variados profissionais, dentre eles advogados, psicólogos, administradores, filósofos, engenheiros, psicanalistas, contadores e tantos outros que tangenciam o processo de gestão nas empresas.
A empresa familiar está em voga porque representa um grande desafio para as famílias empresárias que pretendem manter suas empresas como patrimônio familiar. Sabe-se que o processo de sucessão é complexo, e que, atualmente, tem-se muitas formas de administrar uma empresa mantendo a família e os profissionais em perfeita harmonia. Basta que os familiares tenham competência profissional para ocupar as posições requeridas, tenham claros os critérios de escolha para ingressarem na empresa e que não haja privilégios em detrimento aos profissionais contratados. As informações da área vêm tornando o processo cada vez mais preventivo e agregam valor ao patrimônio.
Para que a sucessão e a profissionalização aconteçam, é necessário um processo organizado de gestão corporativa, em que o capital, os negócios e a família são atendidos num conjunto de combinações que geram um acordo familiar, composto de regras claras para a administração do capital com mecanismos de proteção e desejo expresso de gestão sobre ele.
A família que se encontrava misturada com a empresa, passa a ter um lugar privilegiado durante o processo de sucessão, pois começa a dar atenção para a integração familiar, para os projetos de vida e de carreira dos herdeiros, levando em consideração os desejos e habilidades individuais.
Parece fácil, mas é complexo, porque lida-se com emoções e bens intangíveis. São gerações que se misturam e nas quais nem sempre o trabalho e o esforço são percebidos da mesma forma.
Os profissionais que acompanharam a construção da obra comportam-se como se donos fossem comprometidos e arraigados, tendo em muitos momentos insegurança com a sucessão, o que é bem natural. Existe lugar para todos, num cenário organizado e numa economia aquecida. Há que se saber o que a família proprietária quer. Qual o seu desejo efetivo de continuar com a empresa e o quanto madura está para separar os interesses familiares que divergem desse foco.
As combinações referentes ao sucessor nas empresas são igualmente importantes de serem trabalhadas. Para isso se traça o perfil, pré-requisitos de qualificação, remuneração, formação e regra de saída, caso não tenha êxito no cargo. Seria ingênuo pensar que os profissionais de uma empresa não observam os familiares e possíveis sucessores. Cabe à família preparar seus descendentes, para a carreira como executivo ou para o papel de acionista, iniciando a educação dos herdeiros desde a infância.
O conhecimento das novas gerações sobre as origens da família, do patrimônio e de organizações contribui de forma efetiva para a continuidade dos negócios familiares, tendo em vista que a sucessão não é apenas um episódio e sim um processo permanente. Uma família bem administrada cuidará do que é seu, porque faz parte do amor valorizar, zelar e manter os bens tangíveis e intangíveis.
Há que se ter competência para profissionalizar as relações societárias, separando os interesses conflitantes e convergindo as habilidades. Uma empresa bem administrada trará frutos para a família que aplicará os recursos em diferentes projetos, abrindo caminhos para todos que se prepararam para fazer parte dessa história de sucesso.
* Psicóloga, consultora de empresas
familiares e sócia- diretora do Instituto
Sucessor e Geyer Ehlers & Associados